sexta-feira, 2 de maio de 2014

Que todo mês seja abril, que todo dia seja 23

Tive amigos excepcionais nessa vida. Pela mão me levaram para lugares incríveis, que nem em meus mais insanos devaneios imaginei que pudessem existir. Conheci mundos e gentes absolutamente maravilhosos. Nunca me deixaram à toa. 
Esses amigos sempre me foram muito fiéis. Meus amigos livros. Obrigado por me libertarem da obsolescência, da alienação. Não poderia aqui deixar de citar alguns desses amigos absolutamente incríveis. Não é uma lista dos melhores amigos, mas de amigos que foram importantes em momentos pessoais....
Meu pé de laranja lima, A Ilha do Tesouro, Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Grande Sertão Veredas, Macunaíma, Cem anos de Solidão, A Volta ao Mundo em 80 dias, Laranja Mecânica, Diário de Anne Frank, Crime e Castigo, O Jogador, Os miseráveis... Amo esses amigos todos. 
E não quero deixar essa vida antes de conhecer um monte de outros amigos, que há tempos estão em minha alça de mira...Feliz dia do amigo Livro!!!

sábado, 20 de março de 2010

Pobres livros no cinema


É muito comum quando um livro vira filme alguém se apressar em dizer que o filme não é digno do conteúdo do livro. Isso é comum. É que as duas mídias, o livro e o cinema, não têm o mesmo DNA.
O livro faz parte da chamada mídia secundária. O cinema, da terciária, um tipo de mídia que nasceu a partir do invento da eletricidade.
A mídia secundária, como o livro ou as pinturas rupestres, foram inventadas pelo homem quando se moveu pelo desejo de vencer a morte, ou seja, continuar comunicando sua história mesmo depois da morte. Queríamos vencer o tempo, comunicar presença mesmo na ausência.
Vencido o tempo, já na era da mídia secundária, o homem enfrentava a dificuldade de vencer o espaço. A logística já era um problema. E no caso da comunicação, continuou sendo um sonho até surgir a eletricidade, que permitiu o surgimento de mídias que venceram o espaço, engolindo distâncias. É que, em vez de transportar o livro, o aparato todo, passou-se a transportar apenas o conteúdo. Um click e o conteúdo ganha o mundo instantaneamente.
Mas há problemas nisso.
Uma das características da mídia secundária é que ele exige contemplação, um tempo para a decifração. É por isso que você pára diante do quadro exposto no museu, diante de uma escultura, diante de um texto.
Com a mídia terciária, a vitória sobre o tempo ficou tão marcante que deixamos de lado o saudável hábito comunicacional da contemplação. É por isso que ao não decifrar as mensagens, somos devorados por elas.
A mídia estilo fast-food nos tirou o que era de mais saudável numa comunicação gourmet: a imaginação. A mídia terciária viaja por nós, nos transformando em sedentários sem criatividade.
Tudo isso para falar de filmes como Sleepers, Ensaio sobre a Cegueira, a partir de livros homônimos, no caso de Lorenzo Carcaterra e José Saramago, respectivamente. Os filmes chegam a ser pobres perto do que são os livros. E tem que ser assim mesmo. No livro, a história é para gourmets, gente que gosta de ir além da interpretação que outros fizeram. Quer privilegiar a própria interpretação, viajar num mundo de descobertas.
E não tem como falar de Saramago sem citar outras obras dele que são absolutamente apaixonantes, como Ensaio sobre a Lucidez, uma espécie de continuidade de Ensaio sobre a Cegueira, como Intermitências da Morte, A Caverna, numa referência explícita a mítica abordagem de Platão.
O fato é que no caso da comunicação, a evolução não quer dizer necessariamente, melhoria. O livro dá um mundo que jamais será roubado.


Claudemir Hauptmann

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Feliz Ano Velho (novo)


Bem, férias. E as coisas andam um pouco mais devagar, como numa narrativa de caráter intimista. Para quem gosta de um ritmo, digamos, mais intenso, férias tem um pouco de tortura.
Passa-se semanas esperando por ela. E antes que esteja no meio delas, já se sente o tédio do ócio. E não me venha com aquela do ócio criativo a que refere-se o anarquista Domenico Demasi.
Hoje é Dia 6 de janeiro. Data em que a galera mais crédula desmonta os enfeites de Natal e rolam aquelas típicas reportagens feitas no interior sobre o tal Dia de Reis (nossa, como o jornalismo está cada vez mais repetitivo, no melhor estilo “mais do mesmo”).
Para quem não sabe, essa é a data em que, segundo a tradição cristã, os três reis magos teriam levado presentes a Jesus Cristo. Alguns falam em Folia de Reis. Gosto mais desse nome. Até porque há muito tempo alguns reis (letra minúscula mesmo), fazem uma folia danada nesse país afora, especialmente a partir de alguns corredores e gabinetes em Brasília e outros centros de poder. E ao contrário daqueles reis da tradição cristã, esses a que me refiro, bem mais mundanos, fazem uma folia danada mas não para dar presentes. Eles querem mesmo é receber presentes. E se não recebem, tomam mesmo, na mão grande. Pior para nós, crédulos, é que nessa folia ninguém fica para cristo...
Mas sinceramente não queria falar disso no primeiro post do ano. Então, vou falar do ano novo...Não...não dá.
E se falar do Ano Velho. Mas não com a característica irônica típica dos cronistas (vaidosos) que gostam de marcar território desejando feliz ano velho para dizer que, a partir de um feeling aguçado, o ano novo será igualzinho ao velho, uma vez que certas práticas (como aquelas dos reis mundanos a que me referi a pouco) serão mantidas pelos novos dias...
Para manter-me mais fiel à proposta deste blog, vou desejar a todos: Feliz Ano Velho.
Refiro-me, obviamente, a um livro que virou best seller tupiniquim nos anos 80, de Marcelo Rubem Paiva. O autor conta sua história de forma muito legal, num texto agradável. Ele se arrebentou todo aos 20 anos ao mergulhar num lago rasinho. Ficou paraplégico. E o livro vai por aí, revelando momentos inesquecíveis. Eu me diverti muito com algumas passagens, como a que uma velha passa por ele e dá uma nota de cinqüentão. Alma caridosa que confundiu o paraplégico com mendigo. Com certeza uma dessas pessoas comuns que temos país afora, que vivem confundindo alhos com bugalhos. Outra muito legal é a que ele narra todo o esforço que fez para movimentar o braço para, vitorioso, tocar a bunda da enfermeira.
O livro consegue mostrar essa experiência de vida sem cair na vala comum desse tipo de relato, que quase sempre cai na pieguice, na linha da auto-ajuda. Nada disso. Feliz Ano Velho é um livro que vale a pena. Um cara quebrado mais inteiro que muita gente que se acha inteira.
E para quem gosta de um pouco mais de história, o autor, Marcelo, é filho do deputado Rubem Paiva, uma das muitas vozes caladas durante a ditatura militar. O sucesso do livro foi tamanho que virou filme algum tempo depois. No elenco do filme, nomes como Marcos Breda e Malu Mader.
Mais do que saudade de algumas de minhas antigas leituras, esse post me faz mesmo sentir saudade de um velho companheiro daqueles anos 80, o Clube do Livro. Foi através dele, recebendo catálogos em casa, muito antes das facilidades do mundo digital, é que adquiri bons companheiros para enfrentar a insônia. Feliz Ano Velho foi um destes companheiros. Por isso procuro sempre não falar mal da insônia, que me levou a lugares incríveis.
Agora me desculpem, mas preciso ir. Vou ler alguma coisa...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Um anjo na Biblioteca


Se os anjos morassem mesmo nas Bibliotecas, como no filme 'Cidade dos Anjos', a Faculdade Assis Gurgacz também teria seu anjo na sua Biblioteca. O auxiliar de Biblioteca Nilmar Adriano Paz de Moura não chega bem a ser um 'anjo' no verdadeiro sentido da palavra, mas com certeza dá uma grande força para qualquer acadêmico desorientado que precisa de ajuda.

Paciente, disposto e sempre educado, ele trabalha há um ano e meio no setor e conhece cada detalhe da Biblioteca. Mas como todo anjo 'dono do conhecimento', ele também precisa se esforçar. Além dos livros que tem que ler no curso de Letras na Unioeste, Nilmar se dedica à leitura dos livros que descobre na Biblioteca da FAG. Para ele, o interessante é o livro 'achado'. “Quando não se está procurando, encontra-se algo extremamente interessante”, defende.

Entre as obras que descobriu e que mudaram sua forma de pensar e agir está o livro 'Quem me roubou de mim?', do padre Fábio de Melo. Após essa leitura, ele garante que passou a se reconhecer ainda mais como ser humano e mudou sua forma de partilhar. “Percebi que não somos só o que queremos ser, mas também o que as outras pessoas querem. Aprendi a me dispor mais para os outros e deixar de lado o egoísmo”, conta. Isso, segundo ele, ajuda ainda mais na convivência e no relacionamento interpessoal.

Talvez por essa leitura, Nilmar se interesse ainda mais em se doar aos outros, ajudando quem precisa de orientação. Para isso, ele recomenda bons livros como O Pequeno Príncipe, que considera “um livro infantil escrito para adultos”. Outras dicas de Nilmar e que podem ser encontradas na Biblioteca da FAG são Cem anos de Solidão, de Gabriel Garcia Marquez; 1984, de George Orwell; Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley e O Futuro da Humanidade, escrito por Augusto Cury.


Marilete Eleutério
2º período de Jornalismo/FAG Cascavel

O poder de transformação


Abrir horizontes. Essa é uma das importâncias da leitura destacada pela dona de casa de 47 anos, Sueli Aparecida Trofino. Ela relata o aprendizado que adquiriu a partir do livro “Olhai os lírios do campo” de Érico Veríssimo. Segundo ela, uma história comovente e uma grande demonstração do poder de transformação que todo ser humano possui.
Ela conta, resumidamente, que a história se desenvolve em um ambiente onde predominam o egoísmo e o romance. “O personagem principal era um médico egoísta, que pensava apenas em exercer a profissão por dinheiro e não para ajudar as pessoas, até o dia em que se apaixonou por uma moça, também médica, mas que era o oposto dele, pensava em ajuda as pessoas carentes com o seu trabalho”.
O momento da transformação de pensamentos, mais marcante para Sueli, evidencia-se quando, no decorrer da história, os personagens se casam, acabam se separando e, após a morte da ex-esposa, o médico descobre que tem uma filha com ela. Essa nova circunstância o faz rever o modo de pensar a vida e o torna uma pessoa melhor.
Sueli destaca que esse foi um grande aprendizado, pois a fez enxergar algumas coisas da vida de uma maneira menos egoísta e mais solidária e que qualquer leitura é válida, já que nos ajuda a escrever e se expressar melhor.


Nathália Sartorato
2º período de Jornalismo/FAG Cascavel

Um pouco de auto-ajuda


O colunista Paulo aborda diversos assuntos em sua coluna, que geralmente são de grande repercussão. Segundo ele um dos livros que se baseou recentemente em sua vida foi o livro “Vencendo eleições” o qual foi utilizado em sua campanha eleitoral. Além de dar uma visão mais aprofundada sobre como funciona a política, ele também proporciona certa motivação, como sendo também um livro de “auto-ajuda”. Segundo ele, “é importante estar atento a tudo o que acontece à nossa volta. A cada dia estamos aprendendo mais e mais e isso graças as informações que recebemos seja em livros, ou em outros meios bem como a internet”, afirmou Paulo. Ele faz questão de lembrar que, mesmo não tendo sido eleito, a política foi uma grande experiência.


Adriana Siqueira
2º período de Jornalismo/FAG Cascavel

Bem além dos resumos...um mundo inteiro


Ler uma obra literária, na íntegra, é essencial tanto para a formação pessoal como profissional. É ela que proporciona maior compreensão do que realmente o autor quis tratar, assim como o contexto histórico, a construção dos personagens, as características particulares, a descrição dos detalhes, a percepção do ambiente. Isso tudo não é encontrado nos resumos. Estes, muitas vezes são opções para os estudantes, que preferem confiar apenas neles e abandonam os velhos e bons livros.

Para o acadêmico do 8º período de Agronomia, Tiago Bortoluzzi, é uma mania dos estudantes lerem os resumos dos livros ao contrário de buscar a verdadeira obra, preocupados apenas em cumprir uma tarefa escolar e não com o conteúdo e informação que estão adquirindo. “Somente com uma leitura do livro, o leitor adquire maior conhecimento dos personagens e compreensão do contexto histórico que o autor escreveu”, argumenta o estudante.

O acadêmico cita a obra literária “Dom Casmurro” de Machado de Assis como sendo um livro de grande importância na literatura brasileira. “Li quando estudava no ensino fundamental e quem indicou a obra para mim foi o professor. Através dela, adquiri o conhecimento de mais uma obra brasileira, a maneira de interpretar o contexto, a forma e o estilo de como eram escritas as histórias naquela época com as de hoje.” Destaca que foi somente com a leitura da obra, na íntegra, que adquiriu total compreensão do que o autor escreveu. Lastima a falta de vontade de muitos estudantes que lêem apenas os resumos, achando que estão tendo o mesmo contato com a obra. “Não abro mão das verdadeiras obras literárias, acredito que elas são essenciais na formação e que precisam ser lidas”.

É desta forma que se pode concluir que neste universo poucas pessoas realmente leem a obra inteira, buscando aprendizado, conhecimento de fato, tendo por fim aumentar a sua “bagagem cultural”. Não é com resumos que a pessoa constrói toda esta trajetória, que vai levar para a sua vida. É buscando as obras na íntegra que a total apreensão será efetivamente alcançada. “Não abro mão das verdadeiras obras literárias, acredito que elas são essenciais na formação e que precisam ser lidas”, declara o acadêmico, Tiago Bortoluzzi

Priscila Daiana Rabaiolli
2º período de Jornalismo/FAG Cascavel